sábado, 29 de setembro de 2012

Aos Nove

Aos nove, deram-se conta que cresceram, aquelas briguinhas bobas, há muito ficaram pra trás. Aos nove, confiantes, experientes e aprendizes de mais quantos nove venham. Que continuem firmados e construídos no 1.amor, 2.fé, 3.paz, 4.brandura, 5.bondade, 6.benignidade, 7.longanimidade, 8.alegria e 9.autodomínio. Nove virtudes que os completem e realizem os seus sonhos.
Parabéns!

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

PONTUAL MENTE PONTUAL

Tic tac, tic tac, o relógio, o compromisso; o compromisso, o relógio, aos  sons dos ponteiros. As roupas separadas, separadas as roupas; outros ítens arrumados; penso na responsabilidade distante, a ansiedade toma conta. Fecho os olhos, tic tac, tic tac, o relógio continua ousadamente a lembrar-me do dever. Descanso, não descanso, descanso, não descanso, no rítmo do relógio medito. Pego o despertador, quebro, não quebro, quebro, não quebro; ele me atormentava, era um e se espalhou aos meus pés. Silêncio, minha mente, pontual, pontualmente substitui o despertador.

domingo, 2 de setembro de 2012

PAZ, PODES ENTRAR!

Parece inalcançável, mas não é. Quais seres humanos, temos por tendência criar soluções que agradem aos olhos. Um exemplo disso, a formação de um Órgão, uma instituição internacional que foi criada para trazer a paz, quando toda a humanidade é incapaz de lidar com seus problemas dentro do lar e fora dele. A verdadeira paz não pode vir de uma estrutura de concreto, ainda que com boas intenções, mas sem ações concretas.
Tolo como possa parecer, ela veio, vem e virá a àqueles que deixam-na se instalar num órgão interno, que revela quem verdadeiramente somos no íntimo; ali provoca mudanças reais internas, que refletem em nossas ações externas. Que Isaías 2:2-4, saias da frieza do muro e faça parte de nossas vidas.
Paz, podes entrar!

A COR DO CÉU, O SOM DO MAR

Caro Leitor,
Estamos num sistema que obriga cada vez  mais vivermos no limite à depressão.
Nesse conto, quando lido de coração, perceberá quais são os sentimentos de alguém deprimido. Embora viva, parece que todo dia passa por essa mesma história. Que nos miremos em Gumercindo, sim nos Gumercindos ao nosso redor, e falemos palavras de consolo.
Um grande abraço, de ora Gumercindo e ora Antônia.
Marco.



A chuva caia, fraca, fortalecia o frio que atravessava os cobertores e blusas. O inverno parecia promissor; as árvores em sua maioria, despidas de seus adornos. As carruagens e os lançados carros Ford, transitam no vai e vem; ajudam a cidade a crescer. Os paralelepípedos entregam os atores e suas ações; não podem silenciar-se, há vida, sons gemidos, e orgulhosamente anunciam a cidade, embora o centro esteja mais abaixo, pela atual Avenida Brigadeiro ou acima pela Consolação. A Avenida Paulista, moradia de seus senhores, seus casarões exuberantes não deixam dúvidas que o progresso será contínuo. Em sua extensão, há um palácio, um casarão amarelo, com um jardim de boas vindas, plágio do Palácio do Ipiranga. Não tem como andar, embora com dificuldades, e não reparar no capricho, nos detalhes, parar em frente ao portão ostentoso, trabalho perito, e sonhar; sonham de conhecê-lo por dentro, de passear pelos jardins ou quem sabe, conhecer o ilustre senhor que ali habita. Serás casado? Se descompromissado fores, serás unicamente por desejo? Filas de senhoritas aglomeram-se com a escusa de apreciar flores, jardins, etc, etc. São Paulo não precisará se preocupar com o verde!
Dentro do suntuoso casarão, forrado com lambris de jacarandá, ao centro um lustre real enorme, cristais com diamantes o enfeitam; sua haste principal é de ouro e ramifica o objeto de desejo. Há vários quadros na parede, de Rembrandt, da Vinci, van Gogh e esculturas de Miguel Ângelo; um museu em forma de lar.
Do centro, a porta principal ao leste; ao norte uma escadaria para os quartos, também de jacarandá; ao oeste nos deparamos com a ampla cozinha onde laboriosas cozinheiras criam.
Na sala, ao sul, um piano de cauda a ornamenta; a enorme mesa do sul para o oeste recebe trinta e oito amigos, os mais íntimos.
Sentado numa poltrona diferenciada e exclusiva, batia o pé direito no mármore do chão. Era uma figura loira, olhos azuis, ora refletiam o céu, ora traziam o mar. O nariz delicado, sua boca, linda, macia; franzino o rapaz que alcançara a maioridade. Suas mãos brancas, pontas dos dedos rosadas, unhas bem feitas; anéis com brasão da família. Vestia um sobretudo, avermelhado, escondendo o costume marrom escuro; sapatos da mesma cor. Sorriso lindo, estonteante, de deixar alguns homens com inveja e outros desconcertados. As mulheres lá fora, com seus guarda-chuvas notassem tal figura, passariam à senhoras no exato momento.
O jovem denominado Gumercindo Albuquerque Tristão e Silva, meditava em sua sorte na vida. Subitamente foi lhe tirada a cumplicidade com seu pai e mãe.
Tais genitores faleceram ao retornarem da Europa para o Brasil num navio que misteriosamente desaparecera no Atlântico. Único herdeiro de um grupo de empresas e indústrias fortes, a Tristão e Silva Cia.
Seus olhos estão tristes, passam e repassam pelos objetos da casa. Lembra o tempo que papai e mamãe organizavam festas, toda a sociedade paulistana comparecia. Emociona-se aos sete anos segurando a mão esquerda da matriarca, que estava linda, num vestido vermelho, pérolas na garganta e orelhas; desciam as escadas de jacarandá aos aplausos dos convivas. Mamãe parava embaixo do lustre onde papai, ao sul no piano tocava Mozart, Rachmaninoff, Rossini, Beethoven. Após acenar, mamãe o colocava sentado de frente ao espetáculo e cantava óperas. Seus olhos arregalam-se do vaso real quebrado aos doze anos.
Antônia, negra que o amamentara, gentilmente lhe traz uma xícara de chá inglês; fita-a, o sorriso encabulado, sua ama limpa-lhes as lágrimas e diz: Bebe Sinhozinho, esquenta a alma e o coração. Segura-a pela mão e balbucia: O que serás de minha vida?
A sabedoria lhe responde: Enquanto eu viver, não carecerás de nada. O menino é esperto, e com ajuda da preta velha vai ser muito feliz. 
Beija-a por todo o rosto e agradece-lhe sinceramente. Começa a beber o chá que a cada golada, umedecem seus lábios com calma, consolo e paz.
Antônia se levanta como não existisse, e qual gata sai para cozinha deixando o Sinhozinho de olhos fechados.
No portão, José Conselheiro Tobias, advogado do grupo Tristão e Silva Cia, chama; baixinho, de forte voz, mulato perspicaz, presta atenção no movimento da casa. Lourenço o jardineiro o avista e sinaliza, entra pela cozinha e informa a negra Antônia; ela fica com raiva de mais um que vem importunar o Sinhozinho, mas fazer o que, medita a serviçal. Aproxima-se dele, abre um sorriso, ele está dormindo, conclui; volta silenciosamente em direção a cozinha, interrompida pela indagação de seu senhor. Avisa que o advogado baixinho está no portão. Solicita que o faça entrar. Levanta ansioso, vai até a porta, seus pensamentos são inquietantes; ouve a voz de Lourenço se aproximando e abrindo a porta com: "Com sua permissão Sinhozinho".
- Entre doutor Tobias, sente-se. Suas mãos soam.
- Querido Gumercindo, sou portador de boas e más notícias.
- Nada que me fales será pior que a fatalidade. Replica o jovem.
- Absolutamente, repara o advogado, mas os acionistas não o querem a frente do grupo.
- O que me aconselhas? indaga o rapaz.
- Você não tem a mesma experiência de seu pai, vai conviver com lobos, são predadores; venda a maioria de suas ações; viva de renda, sua família lhe deixou incontáveis bens.
- Vou precisar saber o quanto tenho. em som de preocupação.
- Fiz um levantamento, sua renda mensal supera o valor de vinte casarões como esse aqui.
- O doutor há anos cuida dos bens da família, você administrará tudo.
- Para meios legais, precisaremos de uma procuração...
Interrompendo-o, Gumercindo pede para providenciar. Antônia entra com café e seus biscoitos de nata. Tobias se delicia, Gumercindo apenas prova.
Como vencedor, doutor Tobias sai contente por tal demonstração de confiança. Gumercindo vai em direção ao piano, abre-o, começa a tocar uma melodia linda que ele acabou de compor. Toca por horas e horas, até a sua exaustão, e vencido dorme em cima dele.
Seus sonhos o arremetem ao navio no mar, no Pacífico, Gumercindo olha ao seu redor e lança-se ao mar. Acorda suando. Está todo dolorido, olha para o relógio cuco, percebe sons na cozinha, é Antônia encerrando o dia. Desarrumado, diz a amiga para dormir e sobe. A enorme vontade de banhar-se o faz ir a banheira. Enche-a, a água está fria, não importa, se despe, seu corpo magro e belo. Entra na banheira gemendo, sons advém da porta, é Antônia com água quente.
- Posso entrar, Sinhozinho?
- Antônia, estou no banho!
A velha entra reclamando que não é a primeira vez que o vê assim, que por muito tempo trocava-o. Despeja a água quente na banheira que misturando com a fria, deixa perfeita a temperatura.
- Obrigado! em som baixo. Ri da situação. Adormece na banheira e sonha com um grande amor; beijos e ousadias lhe concedem prazer.
Desperta com seu corpo frio, levanta com dificuldades; observa que a ama deixou as roupas de dormir. Balança a cabeça admirado com sua lealdade. Enxuga-se, veste-se, desce e volta ao piano; compõe uma nova melodia, uma pra sua quimera, outra para Mozart, uma para o vaso quebrado; uma doce para Antônia e uma marcha fúnebre para o grupo de empresas.
O sol anuncia um novo dia, Gumercindo solicita a Antônia que lhe providencie duas malas para viagem; o chofer está esperando. Despede-se de Antônia e lhe coloca nas mãos um documento. Beija-a, entra no carro com destino a Santos, em seu porto embarca num navio que vai para Portugal; deseja visitar toda Europa.
Logo o navio desaparece, e no tempo previsto chega a Portugal, mas Gumercindo num instante, se jogou ao mar, oculto de quaisquer testemunhas. Boia em águas gélidas, sua figura é linda, seus olhos abertos, parecem meditar para compor, talvez a melodia reflita o céu, talvez o mar, seu olhar não mente.
O navio de sua vida continua, em algum momento Gumercindo é vencido pelo oceano de problemas que não consegue administrar; seus olhos abertos indicam que querem lutar, daí produzem uma composição que emana o que tem de melhor; ainda vivo, luta para viver.

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"ESPERAREI"

Esperarei domingo; Esperarei sorrindo; Esperarei sonhando; Esperarei dormindo; Esperarei um amigo, Um abrigo, um lindo dia de sol.