terça-feira, 22 de outubro de 2013

O CARRO DOS PÁSSAROS

Do poderoso sai alimento,
Do possante abrigo;
Criou asas, mas, no entanto,
Permaneceu imóvel.
Voando, voando sabia que
Retornaria, pois ali havia
Construído seu abrigo.

sábado, 19 de outubro de 2013

Coisas de Igarapava

O sol ainda não aparecera, mas o rosto dela suava iluminado ao fogão de lenha. Flores verdes apareciam na mesa, vinham da horta, que as mãos envelhecidas de seu amado pontualmente traziam. O cheiro de café misturava com o de feijão cozinhando, eles disputavam o espaço entre si. Ao desjejum, dezoito pessoas esperando o momento certo de entrar em cena, como o sol, eles apareceriam.
Bule e copos, pães e bolos descansam prontos para saírem de cena. Beijos, muitos, no rosto e na testa, a anciã parece indiferente, coisas da idade. Olhos alegram-se de ver a prole comer; suas mãos unhas bem feitas e pintadas de vermelho, repartem o pão que amiúde vai à boca. Nada fala não lhe sai som, mas observa o cenário barulhento dos famintos de pães, de palavras e saciados de brincadeiras.
A velha enrubesce com as quentes mãos de seu amado em cima das suas; diz-se baixinho ao pé do ouvido um obrigado inteligível, que a senhora ri-se no íntimo, sabia que o agradecimento era pelo conjunto da obra. Levanta, incentiva a turma a enfrentar o dia; vai pouco a pouco ficando só, ela e as panelas, cozinha cantarolando uma canção antiga, raiz; grita para o Duque, o cachorro de estimação, continua cantarolando afinadamente e a sinfonia das panelas a acompanha junto com seus pensamentos.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Florescer aos Dezoito

Nanda, dezoito anos, olhos esverdeados; por família, simpática e de conversa muito agradável. Aquela menina mulher de corpo estonteante, escondia um desejo muito peculiar à espécie, queria ganhar flores. Quem poderia imaginar que ao primeiro ramalhete de flores, Nanda se desmancharia de puro prazer, satisfação e contentamento.

Qual ela gostava mais? Será de rosas, begônias, cravos, margaridas, violetas, do campo ou silvestres? A sua preferência era simples: FLORES. Quando ganhou seu primeiro buquê de rosas (cor-de-rosa) até chorou. Sua mãe com grande sensibilidade havia lhe mandado as rosas. Comprou as mais bonitas, rosas preparadas para uma mulher menina receber.

Ela por uma semana e meia sonhou, esmoreceu, parecia estar completa. As flores começaram a morrer, murchar, mesmo com todo o cuidado de suas delicadas mãos, prestativas, uma botânica nata. Os sonhos de Nanda e sua esperança de que alguém lhe mandasse flores, era regada com seus sentimentos mais íntimos e iluminada pelo sol.

A cada umedecida, seus olhos tinham vida, ao cair da menor pétala, balbuciava um elogio para que a flor conseguisse perdurar.

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"ESPERAREI"

Esperarei domingo; Esperarei sorrindo; Esperarei sonhando; Esperarei dormindo; Esperarei um amigo, Um abrigo, um lindo dia de sol.