quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

REQUINTE

Voltava do trabalho numa noite calorenta; as estrelas estavam lá, por mais que a poluição roubasse seus brilhos. Descendo pela Rua da Sorte, Jardim Santa Etelvina (encostado em Cidade Tiradentes, ambos bairros de São Paulo-SP) no sentido para quem vai para Avenida dos Metalúrgicos, um prédio antes, ou dois, não me lembro bem, da Rua Nascer do Sol ouvia-se um saxofone harmonioso. Parei curiosamente para provar o delicioso som e esforcei-me em procurar o talentoso ou talentosa, claro que em vão.

                Embacei nessa encruzilhada por cerca de uma hora, esperando que o artista aparecesse pelas frestas do muro ou que sua sombra o definisse. Estava ansioso para aplaudi-lo, mas a música encerrou-se, comecei a caminhar no sentido da Rua do Charco; por outras vezes fiz o mesmo percurso para ouvir o concerto que não mais se repetiu.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

O DIA EM QUE A CHUVA PAROU DE CAIR


                Ulysses contava as moedas e recontava-as na esperança de acertar a última tacada. Sabia por bocas e histórias alheias que flores faziam as mulheres derreterem-se, e querendo imitar as ações de filmes românticos, buscava comprar um buquê de rosas. Seu alvo era Márcia Adriana, cabelos longos encaracolados negros, olhos de passarinhos, franzina e muito meiga.
                Precisava fazer algo pra ter a atenção de seu amor. Pronto, as poucas eram suas salvações. Aprontou-se e na floricultura próximo à sua casa fez a pergunta importante: Quanto custa esse buquê de rosas? A mulher responde um valor muito superior ao que ele imaginava. O semblante entristece, os olhares nas moedas vão somando-as e solucionando uma saída.
- E a unidade? Indaga o rapaz desconcertado. A mulher examina o magricela e compassivamente confirma se é pra namorada. – Eu acho que depois dessas flores nós casaremos! Responde o jovem apressadamente, com a dose certa de exagero proveniente da idade. A moça riu-se, pede para Ulysses escolher três botões. O menino escolhe as cor-de-rosa. A floricultora capricha, recebe as moedas e o garoto sai contente. Cria coragem, vai à escola andando, a cada passo pensa na reação da amada. A chuva começa a cair, todo molhado com as rosas na mão direita, entra pelo portão principal, passa a ser dono da atenção estudantil, não dá a mínima, procura a merecedora do presente. A chuva continua, águas caem pela sua face, roupas encharcadas, tênis iguais a poças d’águas.
Plof, plof, seu caminhar emite sons, coração disparado, vê-se Márcia Adriana mexer em seus cabelos enquanto lê um livro; aproxima-se, Márcia percebe que é pra ela, vai ao seu encontro, na chuva, os dois se olham, ele passa as flores para ela que nesse momento toda molhada, cheira-as, depois sorri. Para os dois a chuva parou de cair naquele exato momento.

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"ESPERAREI"

Esperarei domingo; Esperarei sorrindo; Esperarei sonhando; Esperarei dormindo; Esperarei um amigo, Um abrigo, um lindo dia de sol.