terça-feira, 31 de maio de 2016

"OVO POCHE"

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Era quase fim de mês,  eu estava em casa caçando algo para comer. A dispensa estava vazia; na geladeira,  apenas um ovo. O Nando,  chegou não menos faminto - O que vamos comer? Estávamos em três e não tínhamos sequer óleo para fritar o ovo. O Nando pegou uma vasilha, colocou um pouco de água,  uma pitada de sal e deixou a água ferver. Então,  ele quebrou o ovo e jogou na água em ebulição.  O ovo logo pegou consistência e rodou, rodou na água fervente.  Daí,  ele jogou um pouco de vinagre e, com uma escumadeira retirou o ovo da panela, colocou-o num prato e o dividiu entre nós três.  Foi o ovo poche mais delicioso que comi na vida.

segunda-feira, 30 de maio de 2016

"O SIGILO DA CHUVA"

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Os meninos brincam na chuva nus, sem pejos, sem medos, afinal, águas das nuvens serenas caem ao chão, ajuda o terreno brotar; as crianças em meio à lama estão a se sujar. São tantos barros em suas pequenas mãos, que moldam quais balões, pandegam atirando suas munições.  Um recebe na testa e é só risadas, o outro bem no ombro, braços, pernas, barrigas e cotovelos, assim vão mirando na borga o seu companheiro.
De repente,  o maior escorrega e cai, começa a chorar, enfim brincar despidos tem seus riscos.
Os pueris que lá estavam, encerraram as gargalhadas rapidamente, valeram-se de uma atitude humanitária.  Vinte mãos o tiraram do chão,  dez línguas a se consultarem,  dez cérebros pensando no próximo passo, quando apressado, surge o padrasto do menino machucado.
- Sr. Antônio,  o posto de saúde é logo ali, seu afilhado por cima de nossas cabeças está, somos unidos, nada nos atrapalha, lá chegaremos e um pronto atendimento o afligido vai tendo.
A cidadezinha, escondida em suas casas se achava a populaça abrigada da chuva, à notícia dos pelados, foram comprovar nas ruas. Aquele bando de formigas desnudas,  no posto foi entrando,  a enfermeira assustada logo foi ralhando : Uai! Cadê as roupas de vocês?
- Dona Naná, agora ralhar não adianta,  por gentileza, dê atendimento a esta criança.
Dona Naná puxou a maca e o pobre chorão se acalmou, ouvindo o conflito,  o Dr. Said levantou, os primeiros socorros ministrou.
A faxineira,  cheia de besteiras,  nos fez sair do corredor,  também lá fora,  na chuva os pés a gente não arredou. Ouvia-se do interior muitos uivos de dor, Dona Naná explicou: Que pena, a perna ele quebrou. Agora pelados, o risco já passou,  vão pra suas casas, tomem banho, comam alguma coisa e se aqueçam sob o cobertor.
Não aceitamos tal conselho, um amigo,  aprendemos, não se larga a esmos.  Pode voltar ao seu trabalho, se preciso for aqui amanheceremos.
Os genitores de cada um chegavam a todo instante,  traziam cuecas, shorts,  camisetas, cada um com sua toalha se enxugava e batia a xepa.
Mainha de Ambrósio enfezada ficou: Larga de ser besta rapaz, doente vai ficar e depois é a burra veia que vai se lascar.
Nem assim debaixo de xingamentos e de sermos taxados como estúpidos, nossa lealdade permaneceu,  não foi só de momento.
A chuva apertava,  trouxeram o aviso que acabou com nosso tormento,  ele estava de alta,  graças a Deus nós demos.
Da maneira que o trouxemos, embora foi, por cima de nossas cabeças flutuando na cidade, por onde passávamos,  cumprimentávamos os compadres e comadres.  Estávamos com a sensação de dever cumprido, nosso amigo e irmão para o lar foi devolvido.
Até hoje, ele não sabe o que nós dez sabemos, enquanto ele gemia e chorava, nos desmanchávamos por dentro, a chuva maquiou o nosso sofrimento. 

sábado, 28 de maio de 2016

"ENTRANHAS"

Você está dentro de mim,
Vibra igual canção, sim, 
Uma linda emoção que
Descontrola-me, não
Há negação. 

O seu sorriso, mesmo
Triste, produz
Serenidade, uma paz
Perene. 
Quando choras, coisa
Rara de se ver, ficas
Introvertido, quieto, 
O rio que sai dos seus
Olhos lava sua alma,
Levando embora sua
Imaginária insignificância. 

Tu, faz-me tão bem, quão
Bem que te quero, 
Assim espero,  
Morar em seu
Coração também. 
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sexta-feira, 27 de maio de 2016

"BRINCAR DE ESCONDER"

Ergui as mãos para o céu e brinquei com o sol; escondi - me debaixo da goiabeira. Entre os vãos das folhas, percebi ele me procurando. Fiquei quietinho e uma nuvem veio em meu auxílio, tapou os olhos da estrela. Rindo, sai correndo até a varanda, pensando que ele não me acharia mais, mero engano pueril. Sentei no chão e distrai-me com outra diversão, ler os gibis da Turma da Mônica, é tudo de bom!  Fixei meus sentidos na revista,  das horas perdi a noção,  quando dei-me conta, seus raios tocaram minhas mãos.  Foi passando, passando até a parede e sair pelo vão, como me dissesse : "Amanhã brincaremos, amigão!"
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quarta-feira, 25 de maio de 2016

"TERMO"

Estou indo de encontro à morte,
Ela usa um lindo vestido clássico.
A cada segundo, um embaraço,
Seus pretendidos vão para o
Vácuo,  para inexistência.
Inconformada,  aproveita-se da
Nossa frágil existência,  nos
Coleciona e a cada instante nos
Adiciona.
Fiz um pacto para viver como se
Tal pacto fosse eterno; um anjo
Me ajudou, mas impossibilitado
De viver este amor, a seu papel
Apegou-se.
O que me resta ou sobra?
Nem as míseras migalhas...
Qual será minha sorte?
Atenderei a seu pedido,
Oh, morte!
O preto longo lhe cai bem,
Pareces à Valentino, Dior,
Laurent ou Herchcovitch,  me
Seduzir, por que insistes?
Não tenho medo de ti, pois
Morto nasci e por tempo
Indefinido jazerei.
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terça-feira, 24 de maio de 2016

"O Sonho de Vinícius"

Vinícius é um jovem menino que começou a lhe nascer asas, asas grandes que lhe permitiria voar, pairar e flutuar. Em sua primeira tentativa, muito esperto, subiu num baixo morro, que tinha menos de um metro.
Atento à sincronia das asas se lançou e ao chão pousou. Coçou a cabeça coberta por suas madeixas encaracoladas,  frustrado sabia que algo dera errado. Não abstendo-se de seu sonho de Ícaro,  meditar ousou. Pensou, pensou e em seu amigo Pedro, lembrou-se: "O Pedro voa alto, não tem medo de altura; vou lhe fazer o pedido com jeito, vai aceitá-lo sem despeito.
Pedro, menino jovem também,  voava desde precoce, há quem diga que nascera com asas.  - Pedro,  assente-se aqui. Preciso algo lhe pedir. Disse Vinícius com o coração acelerado.
Pedro em suas acrobacias aéreas,  se exibia com muita maestria.  Em seu pouso perfeito,  deu um abraço em Vinícius,  seu amigo do peito, e perguntou: - Em que posso lhe ajudar?
- Ora amigo, as asas já nasceram e estou com receio de não poder voar. Meu grande castigo, os pesos atrapalham-me andar. Que perigo, ser alado  não saber voar. Acredito assim, que meu anseio no chão permanecerá.  Completa tristonho o menino.
- Deixa disso, cara! Melhor não há,  suas asas vão planar.  Dê-me sua mão,  para sentir a sensação desta emoção.
Lá bem nas alturas aonde cá embaixo tudo é miniatura, em suas maluquices, Pedro o soltou rumo às cordilheiras. Em queda, passou-lhe sua vida como cinema,  a morte parecia certa, o varão orou de várias maneiras. Ao aproximar do cenário que aumentava, seu declive dava dor na barriga,  um berro liberado com pura adrenalina, acionou as asas que já batiam. Deu um rasante sentindo a barriga se refrescar, de rompante, subiu para seu amigo encontrar.
A quimera de Vinícius dali por diante, igual ao vício constante que o fez se alegrar. No ruflar de suas asas e nas trocas de suas plumas, resolveu namorar.

segunda-feira, 23 de maio de 2016

"A CASSAÇÃO DA CAÇA"

A caça na mão,  os olhares de satisfação,  mais um empenho do ego, por necessidade, não.  Às sextas-feiras,  dias combinados, espingardas aos ombros, lanternas, redes e afins, garantiam o êxito daquele hobby compartilhado e multiplicado aos seis.
Naquela noite às horas passaram e às 03:00 horas da madrugada, resolveram ir embora, pois até tal momento nada avistaram.  Com orgulhos feridos, mas os corpos já vencidos,  soltavam seus gemidos que acompanhavam o barulho da mata.
O "Bigode" solta o som de sua voz: - Vamos embora, não aguento mais.
Deram por si, que o medo e o desejo de regresso era verso comum dos seis.
Ligeiramente, apanharam suas tralhas,  as espingardas que não falham, sequer foram usadas uma só vez.
Cessaram novamente os sons e eis que um cervo,  a um tiro dali,  parado, tranquilo, se tornara o escopo da vez. Trocaram - se olhares, o "Baixinho", o menor da turma,  atirador por excelência,  enviou-lhe um tiro certeiro. Incrível,  a caça continuava em pé,  ilesa e integra. Assustados, num só ato, todos descarregaram suas munições.
- Meu Deus! Robertinho embasbacado com a cena, exclamou.
O animal olhou profundamente para o sexteto,  que se desmanchava numa espécie de suor com calafrios.  Lentamente caminhou rumo a eles, sem nenhum vestígios de balas, passou bem pertinho dos predadores,  pulou a cerca de arame farpado e foi embora.
Atônitos,  não conseguiam falar ou fizeram um auto pacto de sigilo.
Os muitos projéteis das armas, não atingiram o alvo, mas alcançaram as seis almas, que retornaram para casa em silêncio,  com a plena sensação da cassação desse desejo.
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quinta-feira, 19 de maio de 2016

"Pelas Mãos de Uma Criança"

Um interior limpo, puro; as janelas da vida expressam seu íntimo.  Boa índole,  excelente moral e um coração magnânimo.  Por assim dizer, deleita-se em proporcionar o bem; sua abnegação condiz com sua formosura. Em sua educação,  se encabula ao ouvir as mais distintas respostas após sua interpelação.
Faz acordos com os cérebros e os pensamentos,  não ousa dominá-los,  e sim, regularizá - los.  Uma criança de olhos reluzentes,  jovial, demonstra esperança de um mundo melhor, e ele contribui por ouvir, escutar. Mas em seu próprio universo, convive com seus problemas, em seu anelo,  ama, e guarda seu segredo.

terça-feira, 17 de maio de 2016

"SONHOS DE SOL"

A espera do sol
Vestido de dourado,
Em trajes de gala,
Adentrando em
Minha sala,
Aquecendo o meu
Coração e esquentando
A minha alma.
Não me queime,
Me ilumine, realize-me,
Alvoreça as minhas
Quimeras, sejas sempre
O arauto das boas novas,
De uma nova Aurora.

quinta-feira, 12 de maio de 2016

"VAZIO"

Depois de você,
Saudades.
Liberdade, impossível.
Sentimentos vazios.
Há sua marca em mim,
Nem o tempo e a razão
Arranca-lo-ão do meu
Coração.
Sentimento vazio que
Tira o sono. Não te-la,
Insânia. Insônia.
É mentira que o amor
Nasce da dor, uma vez
Que a visão não seja
Tarde, aproveite
Enquanto vive a
Realidade.
No vazio, frases surgem
Embaralhadas,  no
Espaço,  o tempo que
Se foi. Em meu mundo,
Saudades,  saudades e
Saudades de ti.
Estou cheio deste vazio,
Vazio que transborda de
Você.
Volta, me completa,  me
Enche, esvaziando o
Vazio de você.

"FERNANDO"

Há um ser humano que se preocupa,
Escuta, analisa, certifica e direciona.
Mexe nas feridas, liberta os segredos,
Tenta nos tirar os receios.
Não vive das dores e sofrimentos
Alheios, espera que os pacientes
Alcancem os seus melhores anseios.
Entra nos diferentes mundos, encontra
Os mórbidos e moribundos, através da
Psicologia,  diligencia-nos da escuridão
Para o raiar de um novo dia.
Veja como estou agradecido, por ti ser
Atendido, ouvindo os meus gemidos e
Enxugando os meus prantos, muito
Obrigado, Doutor Fernando!

"A DAMA DA RIBALTA"

Marília, cidade, mulher, atriz, diretora, cantora... fascinante!
Marília,  pequena criança,  grande aprendiz.  Marília Amora,
Marília Ricardo, Marília Sandra, Marília Nina, Marília Esperança.
Marília ousada, má,  "Brega e Chique", "Elas por Marília". Brasileirissima
Como Sara, antenada tal qual "Chanel"; igual Carmem Miranda,
"Brazilian Bombshell". Simples e complexa tal e qual "Central do Brasil".
Otimista, semelhantemente, "Dias Melhores Virão".
No entanto, seu encanto foi revelado no teatro, no tablado, por longos
Anos, um segredo: "O Mistério de Irma Vap". Sendo nossa "Master Class"
Em vida, Marília dizia: "Eu sempre pensei no teatro, como um grande e
Mágico parque de diversões,  cheio de magia e truques, de sensações
Novas e surpreendentes. A criança que eu fui..."

domingo, 8 de maio de 2016

"O DESPERTAR DA ALMA"

Um momento, vidas transformam - se,
Conectam - se neste mundo informatizado.
No entanto, as facilidades edificam
Barreiras, formando brechas e distanciamentos.
Não, podemos ser diferentes, amigos,
Olhar-nos frente a frente, conectando
Nossas almas indelevelmente.
                                                                     Poema LIBRAS 

"CERVANTES"

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Miguel de Cervantes Saavedra,
sangue espanhol e curioso por natureza.
Romancista, dramaturgo e poeta,
Respirou Camões, Homero e Virgílio.
Leu muitos romances de cavalaria, meditou
Em filosofia greco-romana; na Itália, aos
22, pôs-se em contato com a " Renascença ".
Na Grécia, na Batalha de Lopanto, com a
Derrota do Império Otomano, limitando a
Invasão no Mediterrâneo, Cervantes ali
Participou, sua mão esquerda baldrou,
Ferido no peito, as emoções não se
Dissiparam, no fundo, sua essência gerou.
Com suas diversas obras, da Comédia ao
Drama, da poesia às novelas, sua grande
Proeza foi " DOM QUIXOTE DE LA MANCHA "
Que até hoje, ultrapassou as barreiras, como
A melhor obra de ficção do pensante,
Brilhante, cativante e empolgante :
" MIGUEL DE CERVANTES ".

quarta-feira, 4 de maio de 2016

"OCASO"

Na minha insignificância,  reservo-me a observar as convulsões e mazelas da sociedade humana. Há muita dor; nós provocamos sem querer ou querendo, padecimentos em outrem,  quer sejam físicas ou emocionais - eis o ocaso.

segunda-feira, 2 de maio de 2016

"ESTREMAR"

A vida tem dois lados,
Um doce e outro salgado.
Um sensível e outro insensível;
Um quieto e outro falante;
Um de ódio e outro de amor;
Um de sorrisos e outro de dor.
Há o de espinhos e o de
Perfume de flor.
A sabedoria está em estremarmos
Os lados, claro, sem extremos.

Postagem em destaque

"ESPERAREI"

Esperarei domingo; Esperarei sorrindo; Esperarei sonhando; Esperarei dormindo; Esperarei um amigo, Um abrigo, um lindo dia de sol.