"PEGAR O VENTO"

Ele corria, pra tudo nessa vida.
Os anos se passaram e seus
Passos se afrouxaram na corrida.
Ele se cansou, e por fim sabia
Que pararia.
Outros continuaram, sua presença
Fora esquecida.
Não antes de ele mesmo esquecer-
-se da vida.

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"VOTO DE CABRESTO"

Era por força,  não desejo,
obrigatoriamente
Coronel Leão,  prefeito,
ganhava us votu  da gente.

Mas fazia, sim sinhô,
Coisa boa pru eleitoradu;
De dia trabaiava  em suas terras,
De noite, em sua venda ficava
Penduradu.

Arguem valente dele si repúdio,
Montado num cavalo, cum
 ispingarda mirô, um tiro
Certeio  pôs  fim em seu
Doutô.

Mas fiquemo cum muito medo,
A eleição chegô, Coronel Leão
Ganhô di disparada, num queremo
se assombrado, não Sinhô.

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"DISSIMULAR"

Parecia ser sofisticada, civilizada a cena do casal.
Ela falastrona,  ele sorri e desferi doze golpes de
Faca e treze tiros. Ela comprazida continua, ele já
Não está conectado.

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"CAMPO DE EXTERMÍNIO"

Foi uma barbárie, escuridão sobre a carne humana.
Todos os tipos de violência e abusos terminaram?
Seus muros e grades, cercas e arames deixaram de
Ser, transferindo-se para o cerne humano, numa
concentração. 
Excessos mais cruéis e irascíveis contra tudo e
todos. Não há saciedade para o holocausto hodier-
-no.

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"MACABEAR OU BRÁS CUBAR"

E vivo eu "Macabeando"
Na vida, quando poderia
Ser um Brás Cubas.
A vida é assim, feita de
Escolhas.

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"DELITO"

Havia cometido
O crime mais cruel,
Sem piedade.
Acabara com a
Sua dignidade.

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"TERRA FÉRTIL"

Eis que nasceu
Uma flor na cabeça.
Criatividade,  não.
Muito estrume com
Certeza.

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"O QUE É FELICIDADE?"

Felicidade o que é?
É crendice. Irreal,
Utopia, fantasia!
Mas não faz mal.

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Autor da minha vida

Tenho saudades do Tempo em que não éramos,
Que brincávamos  como gente grande sem
Nos afastar. Que parava, talvez uma vida,  só
Pra te olhar.
Do seu não que era sim e da minha aceitação
Que era não.  Em seu trabalho, lá naquele
Horário,  onde um turbilhão de pensamentos
Criativos enchiam sua cabeça no vestiário.
De você Achar que me amava e não era
Correspondido; de pensar que sozinho  seria
A solução.
Ah, tempo que passou,  mas não levou o
Desejo de me ver em seus olhos, sentir o seu
Hálito,  e dentro da sua boca, recontar está
História que vimos nascer.

"CONJUGAÇÃO"

Tenho saudades do
Tempo em que não
Éramos. 
E o que somos? 
O que será de nós! 

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"TECER UM SONHO"

Queria que chegastes
E dominasse meu eu,
Que de tão meu já é
Seu também.
Não por um minuto,
Mas por toda a vida,
Não sem morrer, mas
Continuando mesmo
Após o passamento.
Sentimento sublime,
Nos define:  eternos
Amantes.

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"PROJEÇÃO"

Gostava do torto,
Mal-acabado,  do
Rústico, desformado.
Não gostava de si.

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"TERRA NA VISTA"

Foram duas ou três pás
De terras que ressoavam
No invólucro mortuário.
Ninguém chorava, eu
Também não derramei
Uma lágrima. Quer saber,
Foi a hora mais feliz da
Minha pós vida.

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"NÁUFRAGO"

Eu fui o que você sonhava
Por longos anos, daí,
O naufrágio; eu não sei
Nadar, mas estou aqui.

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"FRUTO"

Clarice me olha,
Provocar adora,
"Erotiza os pepinos..."
Falo, talo, calo
Diante da fecundação.

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"VIDA DE CÃO"

O gato sem dono, siamês, entrou miando,
Avisando que fome estava passando.
Na vasilha do cachorro, comeu toda a
Ração,  pulou pra cima do muro, quase
Latiu feito o cão.

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"Regresso"

Pensei em me encontrar, mas como sei que estou distante,  resolvi esperar meu eu chegar. Quem sabe eu não volte disposto a me amar.