quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

REQUINTE

Voltava do trabalho numa noite calorenta; as estrelas estavam lá, por mais que a poluição roubasse seus brilhos. Descendo pela Rua da Sorte, Jardim Santa Etelvina (encostado em Cidade Tiradentes, ambos bairros de São Paulo-SP) no sentido para quem vai para Avenida dos Metalúrgicos, um prédio antes, ou dois, não me lembro bem, da Rua Nascer do Sol ouvia-se um saxofone harmonioso. Parei curiosamente para provar o delicioso som e esforcei-me em procurar o talentoso ou talentosa, claro que em vão.

                Embacei nessa encruzilhada por cerca de uma hora, esperando que o artista aparecesse pelas frestas do muro ou que sua sombra o definisse. Estava ansioso para aplaudi-lo, mas a música encerrou-se, comecei a caminhar no sentido da Rua do Charco; por outras vezes fiz o mesmo percurso para ouvir o concerto que não mais se repetiu.

quarta-feira, 4 de dezembro de 2013

O DIA EM QUE A CHUVA PAROU DE CAIR


                Ulysses contava as moedas e recontava-as na esperança de acertar a última tacada. Sabia por bocas e histórias alheias que flores faziam as mulheres derreterem-se, e querendo imitar as ações de filmes românticos, buscava comprar um buquê de rosas. Seu alvo era Márcia Adriana, cabelos longos encaracolados negros, olhos de passarinhos, franzina e muito meiga.
                Precisava fazer algo pra ter a atenção de seu amor. Pronto, as poucas eram suas salvações. Aprontou-se e na floricultura próximo à sua casa fez a pergunta importante: Quanto custa esse buquê de rosas? A mulher responde um valor muito superior ao que ele imaginava. O semblante entristece, os olhares nas moedas vão somando-as e solucionando uma saída.
- E a unidade? Indaga o rapaz desconcertado. A mulher examina o magricela e compassivamente confirma se é pra namorada. – Eu acho que depois dessas flores nós casaremos! Responde o jovem apressadamente, com a dose certa de exagero proveniente da idade. A moça riu-se, pede para Ulysses escolher três botões. O menino escolhe as cor-de-rosa. A floricultora capricha, recebe as moedas e o garoto sai contente. Cria coragem, vai à escola andando, a cada passo pensa na reação da amada. A chuva começa a cair, todo molhado com as rosas na mão direita, entra pelo portão principal, passa a ser dono da atenção estudantil, não dá a mínima, procura a merecedora do presente. A chuva continua, águas caem pela sua face, roupas encharcadas, tênis iguais a poças d’águas.
Plof, plof, seu caminhar emite sons, coração disparado, vê-se Márcia Adriana mexer em seus cabelos enquanto lê um livro; aproxima-se, Márcia percebe que é pra ela, vai ao seu encontro, na chuva, os dois se olham, ele passa as flores para ela que nesse momento toda molhada, cheira-as, depois sorri. Para os dois a chuva parou de cair naquele exato momento.

sábado, 30 de novembro de 2013

AIAS DO CERRADO

AIAS DO CERRADO

Zelar, cuidar, amamentar são funções que outrora as doces aias desincumbiam-se; hoje, do lado mais quente de Goiás, em Caldas Novas, as hodiernas aias desbravam o cerrado brasileiro, zelando, cuidando e amamentando por mais de três décadas a ideia de joias (pedras preciosas da região) e acessórios sustentáveis com o melhor que a mata nativa pode oferecer.
Elas são  A I A s
A - Adeguimar
I - Ioná
A - Arantes
“Designers de joias e riquezas do cerrado para o mundo”
                

                   

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Resposta de Um tempo Feliz

O tempo é pai de todos, um segundo que seja de um sorriso despretensioso, amigo e verdadeiro é como uma poção mágica, muda o dia, o cinza fica completamente colorido, o dia te abraça, o dia vira pai. Como é bom um abraço do Pai!!!!!
Manobro meu carro na garagem, uma pequena janela se abre e um enorme sorriso se abre com ela. Penso, o tempo nos apresenta tesouros. Alguns desses presentes perduram pela vida toda, nenhum tempo apagará, nunca apagará. Cada batida de meu coração é um segundo a menos nesta vida, cada sorriso seu é um segundo a mais, é o verdadeiro sentido de que viver vale ser vivido. O mesmo tempo que me rouba a vida é o mesmo tempo que me leva para uma eternidade impregnada de todos que me fazem sentir que vale cada segundo vivido. Um sorriso, uma palavra amiga, um gesto de carinho e assim sigo o meu dia, mais alegre, mais satisfeito, com a certeza que o ser humano é um templo de Deus. Ajoelho-me em ti grande amigo, grande templo de ternura e força. Agradeço por cada encontro com você, pois cada sorriso teu me mostra uma oração nova que carrego pelo resto do dia, esperando um novo amanhecer e um novo encontro, pois neste Templo habita Deus, pois ele com certeza habita em você.

domingo, 24 de novembro de 2013

Vila Operária

Eram meados de 1965, na cidade de Cubatão, baixada santista, que completariam um pouco mais de dois anos de casados. Nilo o bebê de um ano e meio brincava dona Abigail, a jovem Abigail, linda, morena clara, olhos e cabelos negros, magra; decoradora nata repartia a casa de madeira da vila Operária com cortinas, móveis e flores. Não é que se assemelhava a casas de bonecas. Dona Milú de família espanhola, meio cheinha e simpática pede licença; a mulher entrou e perguntou a jovem se não tinha ciúmes de seu marido. Talvez – foi a resposta ressabiada da moça.
                - Sabe aquela moça morena, a Josefa, que todo dia após o trabalho passa aqui pra ver o Nilo?
                - Continue. Um tanto impaciente com os rodeios da Senhora.
                - Quando seu marido sai pela manhã, ele encontra com ela no ponto de ônibus todos os dias. É um chamego pra lá e pra cá. Lança o veneno.
                - Era só isso? – pergunta a jovem finalizando a conversa.
                - Por favor, não me envolva neste assunto. Eu prezo por demais a paz. Sai em direção ao portão.
                O coração de Abigail agora é uma máquina, ela prepara a mamadeira do Nilo e atenta ao relógio espera qual onça o perigo se aproximar. Às quatro horas pontualmente, Josefa chega cheia de sacolas e vai entrando dirigindo-se até o berço, pega o Nilo adormecido e faz carinhos, enche-o de beijos e não para de falar até o bebê acordar. Percebe que Abigail está muda, indaga se acontecera algo.
                - Vagabunda! – esbraveja a dona do lar.
                - Co- como?
                - Coloque o menino no berço, pensa que desconheço suas intenções, vadia!
                - Me deixa explicar...
                Bah! O tiro passa perto furando a parede de madeira, Josefa cai ao chão de joelhos e berra aos prantos tirando junto aos seios uma foto do irmão mais velho de Abigail.
                - Não me mate, toda manhã eu mando uma carta para seu irmão através de seu esposo, pois os dois mulher de Deus trabalham juntos.
                - Ordinária, não sabe que meu irmão é casado? Suma daqui, da minha vida e da do meu irmão.

                Josefa sai rapidamente correndo pela vila e some na rua principal; duas horas depois chega Igor, mas antes de entrar em casa, a vizinhança o informa do ocorrido. Precavido, entra em casa como costumeiramente, vai até Nilo, a criança fala – Pai, mamãe Bum! – mostrando com o dedinho indicador o furo. Desentendido, continua com o menino no colo, qual dono da arma sabe que há mais projeteis. Pra que cutucar a onça com vara curta.

Ventura

Senti-me completo, Minhas necessidades
Foram atendidas por apenas viver.
Vivo, mas não a vejo,
Sinto o que dá sentido,
Por dentro, estruturas e
Órgãos, veias e artérias, por fora, não vejo.
Tudo bem estou completamente vazio,
Enlouquecido a chegar à perfeição.
Ventura, bem-aventurança, felicidade
Contraiam comigo um enlace eterno.



domingo, 10 de novembro de 2013

O OFÍCIO DOS PAIS

O Ofício dos Pais

Senhor Carlos, vulgo Cacá, era pescador e agricultor por profissão, muito extrovertido, gostava de contar muitas histórias e piadas. Ensinava seus filhos o ofício, dizia-lhes que de fome não morreriam! Conhecia e conhecido por todos, fazia muitas algazarras nas ruas, de um quarteirão ao outro mexia com os transeuntes. Nas horas vagas ia pescar, convidava os vizinhos e conhecidos, varas, molinetes, iscas, anzóis e barcos, aquilo o deixava muito feliz. Dona Ninica, diarista nas semanas, aos fins de semanas era a mãe mais dedicada ao lar e família. Preocupava-se com a educação dos filhos, acompanhava suas notas e desempenhos escolares. Dizia para aproveitarem enquanto o tempo favorecia o saber, pois, os desfavoráveis chegariam. Qualidades de laboriosidade, honestidade e otimismo ajudaram seus filhos, Tiago, Pedro, André e João a serem bons cidadãos.
O pai aproveitava a hora do almoço ou jantar para mostrar os peixes aos garotos, ensinava-lhes que precisavam ser iguais aos peixes bons, pois as atitudes indesejáveis como mentira, roubo, desonestidade e a lista parecia crescer com os dias, eram iguais aos peixes podres e cheiravam mal.

HORA DE ESTUDAR

Com o começo de um novo ano, havia chegado o momento tão esperado, Joãozinho agora caminha com seu outro irmão rumo à escola; os outros dois, Tiago e Pedro, estudavam no período vespertino. Achou diferente aquela correria, o sinal para entrar em sala, a fila que se fazia, a chamada de presença que sempre um engraçadinho respondia: Presunto, por mais repetitivo que fosse as risadas eram garantidas. Em casa Joãozinho era um tagarela, mas na escola a timidez destacava-se. Sua professora Dona Teresinha, loira, olhos azuis, magra, estatura mediana, um doce; com ela ele aprendeu a ler, formar frases, calcular (somar, subtrair, dividir e multiplicar), da primeira à quarta série, era o paraíso estudantil, lecionava-se com facilidade de aprendizagem.
No fim daquele ano letivo, Joãozinho poupou em seu cofrinho as economias de quatro anos, uma miséria, mas o menino foi até o bazar e comprou um pingente de cachorrinho para sua professora em agradecimento pela sua dedicação e carinho. Em sala de aula, último dia, ele deu o presente para a professora que surpresamente colocou no pescoço toda feliz. Joãozinho volta pra casa feliz, chutando pedras, conseguira realizar uma coisa que há muito queria dar de coração.
No seguinte ano, as coisas mudaram, não era apenas uma professora e sim nove, sendo a carrasco mor a professora de matemática Dona Tisuko. Era baixa, magra, cabelo liso, preto, curto, filha de japoneses, sistemática e perfeccionista, sem tato e muito parcial em classe. Qualidades? Sim, ela possuía, mas Joãozinho não consegue se lembrar. Antipaticamente, chamava o pobre menino de burro para seus colegas ouvirem, seu chavão consistia em dizer que desse jeito não dá, né. Uma das séries mais difíceis que Joãozinho passou foi a quinta série por bruscas mudanças; resultou em passar de ano raspando em matemática, o que decepcionou Tisuko, torcendo agora para ele cair em sua turma.
Na sexta série, Joãozinho estava novamente com Tisuko, infelizmente ele bombou unicamente em matemática, na recuperação de fim de ano. O olhar da professora era de vitória, conseguiu fuzilar o jovem e, olhando pra ele disse que futuramente a agradeceria por não ter deixado passar para sétima série. O menino saiu como que nocauteado, foi a primeira vez que se recorda de enxergar o mundo cinza. Seus pés automaticamente fazem o caminho para casa. O coração bate descompassado, seus olhos jorram águas, não sabe da reação dos pais, teme por sua situação. Entra na casa do escadão, sua mãe acaba de chegar do trabalho e ao fitar o garoto entende que não passou de ano. Adianta-se a dizer que perdera um ano de sua vida e que isto lhe sirva de lição; bola pra frente, a vida continua.
Joãozinho vai à cama, deita-se, procura achar explicações, mas tudo parecia vazio, fracasso, essa palavra passava por sua mente. Chorou, chorou até dormir.
Agora, João, cursa novamente a sexta série, mudou muito, deixou a timidez de lado, aprendeu a malícia das milícias estudantis. Ficara esperto, conseguia responder a altura ou sobrepujar seus adversários; começou a trabalhar de Office-boy, via independência em sua vida. Na escola, chegando à noite do trabalho, passou pela Brasília bege de Dona Tisuko. Calmamente na frente de observadores esvaziou seus quatro pneus, era uma ação antiestresse pra ele. Houve uma ocasião que ao sair da sala, as carteiras e cadeiras estavam em chamas; inventou pra ser popular que seu pai tinha acertado na loteria e em poucos dias seriam os mais novos ricos da cidade. Começou uma fila pra serem amigos de João, convites mil não faltavam. Entretanto, toda mentira tem pernas curtas e logo os curiosos começaram a rodear seu pai que desmentiu a história.
À noite, houve um black out, os atuais apagões, tudo escuro, Sr. Cacá pergunta para João que tipo de peixe era ele? Na mesa, velas e uma sopa de feijão com ovos cozidos, um caldeirão e todos a comê-la. João responde que não era peixe, poderia ser muito bem um feijão. Feijão quando não guardado na geladeira estraga, você pode comparar-se com qualquer outra coisa, o fato é que cheira mal. André, Pedro e Tiago saem da mesa e vão para o quarto, Ninica recolhe a louça, todos entenderam que o momento era de correção e, costumeiramente deixavam o pai administrar a devida disciplina.
João aos gritos tentava refutar sem êxito as cobranças do velho. Hoje você foi um peixe podre, o que ganhou por mentir? Amigos do seu suposto dinheiro; vergonha, doravante vão apontá-lo como o mentiroso. Acha que saiu no lucro? Cada admoestação do pai entrava uma facada em seu coração, mas o semblante mantinha-se varonil. Seu Carlos o fez sentar no sofá e o que viu foi um garoto querendo ganhar espaço, amigos de uma forma tola. Aconselhou e João não aguentou mais, pôs se a chorar. Deitou sua cabeça  no colo de seu pai,  qual cafuné na cabeça, cantava uma música que acalmou sua criança. Cacá percebeu que o pequeno após aquela conversa fora ajudado a ser um nobre homem.  Desmaiado de sono, Cacá o leva em seus braços e o coloca no beliche, beija-o, olha ao redor e seus filhos fixam na cena. Beija Pedro, Tiago e André e deseja-lhes uma boa noite.
Caminha para seu quarto pensativo, talvez triste por não prever tal situação, deita na cama, sua esposa começa a lhe fazer um cafuné e canta uma música relaxante que faz seu Carlos embalar no sono, sua esposa Ninica protege-o para que pesque seus mais lindos sonhos.

sábado, 2 de novembro de 2013

A VONTADE DE JOÃOZINHO

Queria Joãozinho por todo custo ir logo à escola; sua curiosidade aos cinco anos e propaganda de seus irmãos tirava-lhe o sono. Quatro beliches, espaço apertado, Joãozinho dormia embaixo, ali era seu mundo encantado. Ele sabia falar seu nome, contar de um a dez, falava de cor o nome de seus pais; não via a hora de poder conhecer o desconhecido, ampliar o seu mundo.
A casa em que Joãozinho morava era a única de uma escadaria que embaixo ao pé da escada, dava acesso à avenida e, lá no alto a rua de terra. O quintal rodeado por uma cerca de troncos de árvores, apoiando os arames farpados; na entrada pela escadaria, havia um poço artesiano, ao seu lado, um tanque de lavar roupas, um pouco a esquerda, uns degraus feitos na terra acessando a parte de cima do quintal.
Era como o quintal da vovó com aquela goiabeira, um pé de lima, a plantação rasteira de morangos, um pouco mais adiante a horta com couves, almeirões, alfaces e tomates; tanto ao lado esquerdo como do direito ao fim do quintal, bananeiras ornavam-no, e um pé de jaca se destacava. O terreno do vizinho era repleto de plantação de milho, onde Sr. Carlos, pai de Joãozinho zelava para cultivo. A casa antiga possuía laje no cômodo mais novo, a cozinha, as demais partes eram simples, o quarto dos genitores com guarda-roupa, cama de casal com, criados mudos, chamavam atenção do menino. O quarto das crianças com suas duas beliches, a sala com os jogos de sofás, uma estante e televisão. A cozinha era azul, azul bebê, Ninica a mãe deixou de seu jeitinho com um toque feminino.
Todos os dias, inclusive feriados, Joãozinho acordava às cinco e meia, corria para o quintal, puxava a mangueira e começava a regar a horta, as plantas e tudo em volta; gostava de demorar pra ver o sol surgir, aproveitava seus raios que o aqueciam e arrepiavam-no, um arrepio com sensação de alívio, pois parecia que tudo de ruim havia saído com a luminosidade.

Conversava com as plantas e com os matos arrancava-os, reunia como brinquedos e sua imaginação se soltava, longe muito longe. Corria para tomar seu café da manhã afobado, precisava ver se já tinha moranguinhos, quantos? Ninica balançava a cabeça achando graça de suas preocupações. Seus três irmãos acordavam às seis e meia inconformados com o horário, corriam e engoliam o pão com café; lá iam eles cutucando um ao outro, um zombando do outro. Joãozinho com seus olhos os seguiam até sumirem de vista. Imaginava ao lado de seus irmãos cutucando, brincando e correndo até chegar à escola. Voltava ele a brincar com os matos e o ajuntar de pedrinhas.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

O CARRO DOS PÁSSAROS

Do poderoso sai alimento,
Do possante abrigo;
Criou asas, mas, no entanto,
Permaneceu imóvel.
Voando, voando sabia que
Retornaria, pois ali havia
Construído seu abrigo.

sábado, 19 de outubro de 2013

Coisas de Igarapava

O sol ainda não aparecera, mas o rosto dela suava iluminado ao fogão de lenha. Flores verdes apareciam na mesa, vinham da horta, que as mãos envelhecidas de seu amado pontualmente traziam. O cheiro de café misturava com o de feijão cozinhando, eles disputavam o espaço entre si. Ao desjejum, dezoito pessoas esperando o momento certo de entrar em cena, como o sol, eles apareceriam.
Bule e copos, pães e bolos descansam prontos para saírem de cena. Beijos, muitos, no rosto e na testa, a anciã parece indiferente, coisas da idade. Olhos alegram-se de ver a prole comer; suas mãos unhas bem feitas e pintadas de vermelho, repartem o pão que amiúde vai à boca. Nada fala não lhe sai som, mas observa o cenário barulhento dos famintos de pães, de palavras e saciados de brincadeiras.
A velha enrubesce com as quentes mãos de seu amado em cima das suas; diz-se baixinho ao pé do ouvido um obrigado inteligível, que a senhora ri-se no íntimo, sabia que o agradecimento era pelo conjunto da obra. Levanta, incentiva a turma a enfrentar o dia; vai pouco a pouco ficando só, ela e as panelas, cozinha cantarolando uma canção antiga, raiz; grita para o Duque, o cachorro de estimação, continua cantarolando afinadamente e a sinfonia das panelas a acompanha junto com seus pensamentos.

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Florescer aos Dezoito

Nanda, dezoito anos, olhos esverdeados; por família, simpática e de conversa muito agradável. Aquela menina mulher de corpo estonteante, escondia um desejo muito peculiar à espécie, queria ganhar flores. Quem poderia imaginar que ao primeiro ramalhete de flores, Nanda se desmancharia de puro prazer, satisfação e contentamento.

Qual ela gostava mais? Será de rosas, begônias, cravos, margaridas, violetas, do campo ou silvestres? A sua preferência era simples: FLORES. Quando ganhou seu primeiro buquê de rosas (cor-de-rosa) até chorou. Sua mãe com grande sensibilidade havia lhe mandado as rosas. Comprou as mais bonitas, rosas preparadas para uma mulher menina receber.

Ela por uma semana e meia sonhou, esmoreceu, parecia estar completa. As flores começaram a morrer, murchar, mesmo com todo o cuidado de suas delicadas mãos, prestativas, uma botânica nata. Os sonhos de Nanda e sua esperança de que alguém lhe mandasse flores, era regada com seus sentimentos mais íntimos e iluminada pelo sol.

A cada umedecida, seus olhos tinham vida, ao cair da menor pétala, balbuciava um elogio para que a flor conseguisse perdurar.

sábado, 7 de setembro de 2013

Absolvição

Na sala fria, escura, corredores silenciosos atrapalhados às vezes por sons de sapatos aos pisos. Aquela senhora, cabelos brancos desgrenhados, olhos úmidos, boca seca, assustada; sentada a meia luz, respira profundamente. Ao seu redor oito pessoas a observam. Uma seriedade nos rostos do mais velho ao caçula. A caluda quebrada pelo relógio, pode se ouvir algum barulho na rua. Repentinamente a voz trêmula e rouca passa a dissertar em defesa das cãs. Almejando piedade, há uma mina nos olhos, que desesperadamente jorram na tentativa de limpar o que parece sujo. As pestanas articulam-se, a boca tenta convencer o júri de sua inocência. A assistência atônita com tamanho despropósito falta de prudência, leviandade bate o martelo com a negativa da cabeça; a réu leva todos ao choro mostra-se pecadora como a humanidade. Absolvida, sorri, sua mão cai como seda ao chão, os advogados e as câmeras se apagam as oito almas a enterram canonizando-a.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Filhos do Tempo

Meus filhos se conheceram em Araçatuba-SP, há mais de dez anos atrás. Ele militar por carreira, na ativa, de família paulistana, educado no bairro de Santo Amaro, nas redondezas do clube Banespa. Ela, linda, formosa, estudiosa e feminina, de família paulista da cidade de Oswaldo Cruz.
Lembro-me que na faculdade o professor solicitou que formassem duplas para um trabalho, foi à oportunidade da aproximação de sentimentos; ela esforçava-se em não demonstrar, ele fazia questão de dar em cima. A nota pelo trabalho se tornou insignificante, pois a nota do amor já alcançou os dez.
Parabéns por uma década bem sucedida, e pelas incontáveis que virão. “Mesmo muitas águas não são capazes de extinguir o amor, nem podem os próprios rios levá-lo de enxurrada...” Cânt. Salomão 8:7.
Abraços
Marco Alexandre Dias da Silva

quinta-feira, 30 de maio de 2013

LÁ PRAS BANDAS DO SERTÃO

LÁ PRAS BANDAS DO SERTÃO


Lá pras bandas do Ceará, cidades pobres nos arrabaldes de Fortaleza, capital; existiam duas famílias bem paradoxais. Uma, religiosa, pertencente a Antonio Raimundo, homem de fé e generosidade; a outra de Raimundo Antonio, cabra valente, justiceiro, bem feitor aos seus próprios olhos, fazia sua justiça e ordem prevalecer.
Num determinado dia como de costume, Antonio Raimundo estava ajudando as pessoas e sobre a luz da lua falava da Bíblia para os ouvidos atentos, quando de repente, Raimundo Antonio chega com seus comparsas. Agride os presentes, mas Antonio Raimundo vira objeto de ódio.
O homem semimorto ao chão, desperta depois de horas e dá graças a Deus; esforça-se em proteger sua velha companheira, mas suas muitas dores o limitam do carinho e proteção. Muitos anos passaram, uns vinte, quando todas as escleroses se fecharam, Raimundo Antonio manda seus homens trazerem Antonio Raimundo ao seu lar. O sertanejo de crença vai orando e ao chegar à fazenda, o rude cangaceiro o manda curar sua adoentada esposa. Sabendo que era impossível para um humano, pós se de joelhos e começou a orar. Com a facilidade de quem está habituado a falar com Deus pede, a senhora levanta restabelecida, a admiração está no ar.
Raimundo Antonio o presenteia então com uma casa, um carro, com muitos agradecimentos, e com o principal, fé no Deus verdadeiro.



quarta-feira, 24 de abril de 2013

Dona Fausta


DONA FAUSTA


Senhora de fala mole, negra, simpática; contava que fora linda, Araguari – MG e seus homens paravam para ver a pérola negra desfilar. Levanta-se, coloca água pra ferver de seu jeito, calmamente. Eu tinha um corpo bonito, mas não era assanhada como as meninas de hoje, naquele tempo tinha-se respeito, diz a anciã. Em sua vagarosidade peculiar da idade, rejeita ajuda, pega o bule, vai atrás do suporte para o coador, depois o procura nas gavetas, chegou a hora de por o pó, três colheres generosas saciam sua vontade. Continua falando que está muito esquecida, balança a cabeça rejeitando tal limitação; o semblante muda para radiante quando fala de seu marido falecido, usa um chavão pra citar o homem: Uai, ô home bão!
Conta muitos momentos felizes, singulares de sua vida, entre eles o dia de seu casamento seguido por uma bonita festa. Ri-se da queda de cavalo que levaram; não se esquece de mencionar seu filho, como um presente de Deus com todo o amor, mesmo ele não falando mais com ela. Pede para reparar nas paredes, no chão, forro, diz que seus irmãos de religião fizeram todos os consertos. A xícara de café chega até minhas mãos, às delas tremulando faz a xícara dançar coreografando com o líquido. Explica-me baixinho o seu último investimento, precisa fazer uma viagem e está engordando dois porcos, o dinheiro já é certo. Dona Fausta permanece conversando e fritando os biscoitos de polvilho; eu e o dia demoramos a ir embora, pois nos apegamos àquela agradável senhora.

domingo, 14 de abril de 2013

Num Fechar de Olhos

Ao acordar, o desejo de não mais existir persiste. Fecho os olhos, pronto, não estou mais aqui. Pode parecer infantilidade, mas por simplesmente fechar os olhos não vejo os defeitos e me aproximo do mundo perfeito das crianças.

Lenços aoVento

O lenço ao rosto, os olhos expostos e mais nada; não há cunho religioso, investigativo ou misterioso. Lenço florido que tem o preto como fundo. Agora que nada, ela não acredita; os pelos se foram, a inconveniência do vento não é capaz de tirar a resoluta decisão de sua permanência.
A mulher debilitada pela doença, a camuflada chaga sob o lenço, não sabe até quando se definhará; ela odeia a doença, mas o lenço, sim os lenços, echarpes, seus amigos, confidentes, leais, que embelezam, adornam e sorrateiramente fazem-na esquecer da doença.

Eu e Lygia Fagundes Telles

Conheci a Senhora, Rainha e Dona da melhor literatura em vida, Lygia Fagundes Telles, no ano de 1984. Eu aos onze apaixonei-me por sua escrita. Sensível, verdadeira e única no gênero. Através do texto "A Disciplina do Amor" na escola, na aula de Língua Portuguesa, analisamos esse texto. Gostava muito de ler, mas Lygia ajudou-me a saborear as frases, até hoje me lembro dessa história, sei contá-la para qualquer um, pois é muito humana. O amor, a lealdade daquele cachorro ao seu dono que morre na guerra é um assunto para a mais profunda meditação.
Querida Lygia, a escrita é o seu ofício, tu és destra no que fazes e perita nas palavras. Obrigado!
De seu admirador,


                                                                 Marco Alexandre Dias da Silva

sexta-feira, 29 de março de 2013


O pequeno grande blog

Sabe aquela chata que puxa conversa na fila do banco, no caixa da farmácia, no corredor do supermercado...? Essa sou eu! Me encanta descobrir o que faz de cada um especial e ainda ouvir histórias inusitadas. Faço questão de olhar nos olhos e perguntar tudo o que me vier à cabeça. Dias atrás, esperando o táxi, puxei papo com o porteiro do meu condomínio. Não foi uma tarefa difícil, uma vez que esta figura é das mais simpáticas e bem dispostas que já encontrei. Ele me questionou sobre a vida de jornalista e mencionou que também gostava de escrever. Pronto, essa era a deixa pra ... mais »

O BLOG COMPLETOU UM ANINHO

Um ano de amor à escrita.
Um ano de amor à escrita.
Agradeço de coração a sua visita!
A novidade é que o Blog virou livro. Acesse www.clubedeautores.com.br.
marcoalexandre.blog@gmail.com



domingo, 3 de março de 2013

O Grandioso Valor de Elizabeth, Beth.

Desesperadamente ela se preocupa com tudo, não me deixando nada a resolver. Quer evitar minha dor. Cresci, as dores me acompanham, fazem parte. Administra perfeitamente, mas esqueces de ti. Amontoas doenças, dores e mazelas. Inversamente me valoriza. Quem é que tem maior valor? Sim, ti. De meu acordar ao deitar, valorizo-a, como o abajur Tiffany ou, o violino Stradivarius, tu és única. Como poderei viver sem ti? Deveras não viverei.

Abraço

Ela me abraçou, foi a primeira vez. Algo extraordinário eu senti, como que arrepios, prazer e medo entrassem na corrente sanguínea acelerando o processo. Tal afeto não durou cinco segundos, eterno, tinha cheiro, o seu, perfume ímpar. Enlouquecedor. Ela sorriu, saiu, sumiu, mas seu abraço perdura indelevelmente.

A Graça da Vida é de Graça

Um beijo, um sorriso, um céu azul. Sol nascendo ou se pondo, o bater das ondas, borboletas em flores. Tomar um banho de chuva, encontrar um verdadeiro amigo. Fitar a lua e as estrelas, olhar para seu filho, sentir o coração bater, bater por e pra você. Inúmeras coisas de graça dadas por "DEUS", são graças.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Esperado Heitor

O esperado aconteceu,
Heitor nasceu.
Não era visto, mas amado,
Agora junto olhado
Pelos genitores mais abençoados.

Tu és dádiva, sim, presente perfeito
Que se alimenta de sua mãe.

És cópia fiel de seu pai
Que lhe atrai e satisfaz.

Príncipe de Azul, que
Veio ao meu encontro,
Que aos cinco dias de vida,
nada falou, mas deixou registrado
O que é o amor.
Deus Lhe abençoe.

Tantas Outras Histórias

Gostava-me quando criança de ouvir as histórias de minha mãe. Nascida em Igarapava-SP, de uma família de dezesseis irmãos, vizinhos do então desconhecido Jair Rodrigues. A vida, conta mamãe, era simples, num sítio; fala de vovô Sebastião e vovó Delminda Brandão; vovô de personalidade quieta, calma e serena, funcionário público; vovó o inverso, uma pólvora em pessoa, pronta para explodir. Agora, imaginem com dezesseis filhos aprontando as coisas normais da idade, por milagre que vovó não enlouqueceu.
Querendo ajudar na economia doméstica, vovó foi trabalhar de doméstica, deixava os mais velhos cuidando dos mais novos. Pronto, tio Luizão o mais velho já estava com as tarefas do lar definidas: lavar as roupas, limpar a casa e esquentar o almoço. No entanto, sem supervisão ele aprontava, amedrontava os menores para obedecer-lhe, senão apanhavam. Sobre as ordens do primogênito, subiam nas goiabeiras e tantas outras eiras que existissem, tomavam leite na própria vaca, brincavam; quando chegava a hora de vó Delminda voltar, Luizão colocou seu plano em ação. A casa de chão batido fora lavada, a água não escoava, e qual engenheiro perito partiu para a solução simples de furar as paredes rentes ao chão fazendo a água sair. As roupas limpas tiraram do guarda roupa e molharam no tanque, dando a impressão de tê-las lavado, pendurou-as no varal, escondendo o cesto de roupas sujas. Aprontou todos para o banho, afinal a matriarca inspecionaria. Vó Delminda colocou os pés no sítio sentindo que algo muito errado ocorrera, percebeu o estado calamitoso da casa, notou que as roupas limpas estavam no varal e desistiu de vez de seu trabalho secular. As evidências a convenceram de que a família necessitava muito mais dela. Não pense que termina assim, pois todos levaram uma boa surra, principalmente tio Luizão. Até hoje, eu sento pra ouvir  minha mãe contar essa e tantas outras histórias.

sábado, 26 de janeiro de 2013

O Cabeça

Ele quis se impor, era mais uma de muitas tentativas. Ora, aprendera que o varão é dotado do privilégio legal e divino da dianteira, de tomar decisões e contar com o pleno apoio de sua ajudadora. Endossando o ego masculino e a lei, era só girar o pescoço e ver as inúmeras famílias da vila orientadas pela bússola moral. Leandro reivindicava seu direito aos pés de Simone, que herdou da mãe o direito de mandar, manobrar e chantagear para conseguir as consecuções de suas intenções.
Dizia o quarentão: Não pode, você precisa me respeitar. Não pode! A mulher abria a boca como uma metralhadora destroçando todos os argumentos de Leandro, que frustrado ia dormir. Buscava um sonho em que ele realmente mandasse alguma coisa. No trabalho, na vizinhança, em qualquer lugar, o pobre homem não conseguia se posicionar; em sua deficiência entregava-se aos resmungos, que o aliviavam da dor da vergonha.

sábado, 12 de janeiro de 2013

O SUICÍDIO

Voltava Euluan muito triste, decepcionado com suas expectativas quanto ao amor. A pessoa que ele estava cortejando lhe tratava bem, fez questão que conhecesse os seus pais; moravam no Jardim Record, em Taboão da Serra, na grande São Paulo. Houve uma ocasião que até dormiu em sua casa; as coisas estavam se encaixando. Euluan não podia mais viver longe daquela figura; respirava, comia, bebia e se desgastava por ela. Ela tratava todos bem, e este era o problema, dava beijos na boca de outros, mostrando sua imensa intimidade com terceiros, mas com Euluan, a coisa era parental, um amor storgé.  Como pavão, Euluan abriu-se, mostrou suas qualidades, o que tinha de melhor aos dezessete anos. Brigou, e sua pior briga era interna. Decidido agora a namorar e casar, tomou um banho como preparação de seu corpo, apanhou sua melhor roupa, usou um perfume de fragância ousada. Saiu de sua casa no Morro do Cristo (um lugar conhecido por suas tantas escadarias que acaba na imagem, replica menor do Cristo Redentor do Rio) desceu as escadarias em direção a Rodovia Regis Bittencourt (BR 116), pegou o coletivo intermunicipal.
Certo de que receberia um sim, treinou alguns beijos em sua mão esquerda; não queria fazer feio, quis viver aquele momento. Desceu próximo a antena da Record e foi andando, já era início da noite. Bateu palmas, ela veio, pediu para entrar, quando na sala, depara-se com o rival bem juntinho. Visivelmente desconcertado, pede licença para trocar duas palavrinhas. Em particular pede-a em namoro, recebe seu não. Cavalheiramente despede-se dos pais, do arqui-inimigo e da amada, a cabeça não está baixa, sai, andando ao luar, sua sombra cabisbaixa o revela. De volta ao bairro, rejeitado, no lotação lança luz pro seu problema: suicídio. Arquiteta descer na praça central, subir em uma passarela e descer, se jogar, acha-se um lixo. Conta um, dois, três; levanta-se e aperta a campainha, o ônibus para três pontos depois do alvo. Pensa: que trabalheira morrer, desiste por hora, continua andando para casa nocauteado.
Anos se passam e, em seu trabalho recebe uma ligação dela, convidando para se encontrarem, saírem juntos, relembrar os bons tempos. A negação volta a sua mente, ele responde que não pode. Desliga o aparelho e dai por diante se suicidou pra ela, nunca mais deu atenção à ela.

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Saudosa Teimosia

As margens do rio que separa São Paulo de Minas Gerais, há uma grande população ribeirinha. Vó Delminda cuidava de seu sítio; a veterana reclamava de tudo e, em suas veias junto com o sangue, tinha a substância da teimosia derramada generosamente. Na chácara, havia muitos patos, galinhas, coelhos e várias plantações.
Uma barragem acima cedeu, a rádio local deu o alerta para todos deixarem suas casas; mas vó Delminda queixava-se. Em toda sua vida nunca havia ocorrido, e não seria agora que as águas entrariam. Seu primogênito filho, José Augusto, tenta convencê-la; a anciã repete o discurso de quantas e tantas acontecera e nunca entrara um pingo dágua. Sentaram nos degraus que dá de frente ao rio; a matriarca finca um bambu no leito pra medição, pelo sim, pelo não. O rio sobe vagarosamente, de repente, uma vaca passa num pedaço de barranco rio abaixo. A correria se faz necessária, vó Delminda coloca os poucos bens pra cima; seu filho corre até a cidade em busca de um caminhão pra retirar o que a vó gosta.
Em seu regresso, tudo era rio, entrou com dificuldade na cozinha, e eis, vó Delminda em cima do fogão dizendo: Não! Logo, logo abaixa; no passado não demorava nada...

Sinuosamente Direito

Alto, magro, meia idade; seu andar manco chamava à atenção. Era formado em direito, advogava pela região, principalmente nas vilas ribeirinhas de Igarapava - SP.
Era mais conhecido como unha-de-fome, deixando seu profissionalismo coadjuvar. Certo dia, estava doutor Francisco, vulgo Chicão no popular, em seu fusca pela estrada de terra, quando sente que o carro passou em cima de algo. Desce, analisa o porco a uns duzentos metros e, começa a maldizer o dia. O camponês que de longe ouviu o acidente, se aproxima e começa com a ladainha conhecida dos prejudicados. Chicão quase atrasado para o compromisso, tira uma nota de dez pesarosamente do bolso, quase não consegue dá-la ao caburé; entra no carro, agora mais preocupado com a perda dos dez do que com sua obrigação. Segue o caminho; em seu retorno à noite, para no sítio e quer o porco que comprou. O matuto em sua simplicidade, explica-lhe que fora transformado em ítens de uso diário, e que com a indignação suposta de Chicão, propõe devolver-lhe seus dez. Chicão lhe diz: Não! O porco é meu. Pague-me quinze.

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"ESPERAREI"

Esperarei domingo; Esperarei sorrindo; Esperarei sonhando; Esperarei dormindo; Esperarei um amigo, Um abrigo, um lindo dia de sol.  ...