domingo, 23 de abril de 2017

"O Aparar das Asas"

Naquele dia,  abaixei a cabeça para olhar as estrelas, entrei em contato com o meu universo e falei com meu Deus. O frio persistia em  fazer tremer. Tremulavam as mãos,  as pernas, nada estava no lugar. Gélida alma não podia me aquecer; nem mesmo a blusa, surrada, experiente em invernadas conseguiu me esquentar. Em meio ao nada, sendo tão insignificante, levantei minha cabeça  e um anjo estava me observando.
Entrei no lotação  e você abriu suas enormes asas, nossos olhares fixos voaram juntos com os nossos desejos. Na virada, à esquerda, desaparecemos; não sentia mais frio,  o ônibus era apertado pro meu sonho. Desci, olhei aos céus,  tentei te avistar. As andorinhas,  os pardais, os bem-te-vis  e os sabiás, cantavam como se soubessem da minha imensa vontade de te encontrar. Alucinado, olhei para o chão,  folhas secas passavam pelos meus sapatos sobre a direção  do vento, meu lamento, não vê -lo nunca mais. Até que uma mão em meu queixo,  delicada mão, reergueu-me. Era você sem asas. Cochichou com seus lábios quentes em meu ouvido: "Perigo, ouça bem, abandonei as asas pra viver com alguém".
Flutuávamos...

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"ESPERAREI"

Esperarei domingo; Esperarei sorrindo; Esperarei sonhando; Esperarei dormindo; Esperarei um amigo, Um abrigo, um lindo dia de sol.