domingo, 28 de outubro de 2012

O Lavrador de Café

Encontro-me numa cafeteria, estou com alguns livros nas mãos, pronto para lê-los; o aroma alertando a chegada do café interrompe minhas atividades. Degustar aquela xícara de café prazeroso, abrir um dos livros e ver na página foto da obra de Cândido Portinari "O Lavrador de Café", datada de 1939, óleo sobre tela, ter dimensão de 100 cm por 81 cm, e está exposta no Museu de Arte de São Paulo (MASP). Medito no grande mestre pintor, e seja qual for sua descrição, é veraz. O lavrador negro, forte, sobre um sol escaldante, com enxada na mão direita, olha pro oeste, sabe que sua labuta é infindável; ao fundo, a plantação cobre o horizonte.
Certeiramente, o ouro negro continua impulsionando a economia mundial; na figura do ilustre escravo, o café continua trazendo riquezas para seus amos; ser forte o serviçal, teor forte e distinto dos grãos; olhar para o norte, o café avança porque há mais mercado a conquistar.
Obrigado, Cândido Portinari, por fazer a pequena xícara de café se tornar tão especial.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Faltosa Promessa

Estou aqui sentada; hoje eu ri muito, recordando as suas brincadeiras, meigas, as vezes sem graças. Elas fazem falta! Aquelas promessas de flores todos os dias, jantarmos fora, dançarmos, dançar! Desses dias serem sempre especiais. Dormirmos agarradinhos, ter uma conta bancária obesa. Nada disso você me prometeu, tenho raiva, sou obrigada a dizer que você não me prometeu nada; fez tudo perfeitamente. Como alguém perfeito pode morrer? Não morres, vives dentro de mim.

Amor , Expressivo Amor!

Eu preciso tanto refletir. Meu espanto, ver você partir. Eu te admiro tanto, volta pra mim. Avançada a hora, aguardo-te, saudades de nossos olhares silenciosos gritantes de nosso amor. Desculpe-me, perto de você não consigo expressar em palavras, fico travado; mas o que são palavras comparadas as labaredas do profundo amor expressivo que tenho por ti.

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

A Sobrevivência da Identidade

Chamo-me Ricardo, Eduardo, João ou José; sou pobre, sobrevivente de fé. Já passei fome, luto pelo pão de cada dia. Na multidão, sou invisível, não ligo, há reciprocidade, Procuro o pão, nada me detém ou me abala, Meu nome, Alexandre, Vitor, Mário, Tadeu, Roberto, Severino... ou simplesmente, nada.

sábado, 20 de outubro de 2012

Em Cena

Abrem-se as cortinas, o holofote central ilumina a grande atriz; dona por excelência dos palcos, brilha na ribalta. Por duas horas, num monólogo, faz nos rir, segurar o fôlego, enraivecer, chorar, puxa com um balde nossas emoções. Nos transferi para o seu mundo. Ao fim do espetáculo, estamos em pé aplaudindo a magnífica e encantadora apreciação.
A dama se curva garbosa com as ovações, retribui semelhante uma rainha; ali ela discursou, seus súditos amaram. Caminha para o camarim se despindo; o diretor e seus assistentes gritam: Bravo! Bravo!. Inclina a cabeça num gesto de agradecimento; no espelho a maquiagem viaja, como qualquer outro ser, deixa de representar.

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

Leilane conversando com Heitor

Querido Heitor!
Fique tranquilo, conseguimos terminar o seu quarto, é claro com tons de azul. Seu pai já comprou a bola e a roupa do timão. Seus avós estão na expectativa, só falam de Heitor pra lá, Heitor pra cá. A família inteira está babando. Outro dia, escutei seu pai ao telefone proclamando aos quatro ventos a sua chegada na maior felicidade. Notei que em seu quarto ainda falta algo, sim, o seu retrato. Quando você nascer meu amor, não faltará mais nada!

A Diferença da Igualdade

Estive pensando, o que eu faço de extraordinário? Vivo, respiro! Sigo à risca a receita da vida, não me arrisco ousar. O que me faz único? O DNA, meu genótipo ou fenótipo? Talvez, mas repito as ações de todos. Olho para minhas mãos, as digitais comprovam que só eu as possuo. Alívio! Sou único, ímpar e  feliz por ser igual.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

O Poeta Baiano

Em sua essência o poeta baiano, em puro engano, entregou-se a vida desregrada e sem falar nada ela o levou. Era criança quando amava, intelectual na escrita, louco por justiça e ingênuo por opção. Na câmara mais secreta de seu ser, havia Eugênia; na parte mais dura de seu caráter, a liberdade aos escravos. Queria quebrar regras arbitrárias, em benefício dos que sofriam com ela; deliberadamente, quebrou as regras de seu corpo, e abriu a porta à tuberculose que o aprisionou.

Reflexão da Tristeza

Quando a tristeza chegar no seu coração, pense no que é bom. Não é fácil, mas quem falou que seria? A minha maneira os problemas seriam solucionados imediatamente. Quem disse que a minha maneira seria a melhor?
Com sofrimento, me esforço a crescer; estou num laço, talvez o desabafo ajudará amadurecer. Uso de empatia, mas quem a usa comigo? Vou da tristeza a raiva em segundos, mas isso também não importa nesse mundo.

Postagem em destaque

"ESPERAREI"

Esperarei domingo; Esperarei sorrindo; Esperarei sonhando; Esperarei dormindo; Esperarei um amigo, Um abrigo, um lindo dia de sol.