Aquela vida abundante e cheia de graça nunca existiu, assim coçou a cabeça Merlinda, aos nove anos de idade passou por uma crise existencial e o chão era sua realidade.
**Sentiu em suas mãos o peso da responsabilidade, que mesmo apesar da pouca idade, encarava sempre com verdade.**
Abandonada pelo pai quando nasceu, de mãe viciada em drogas e bebidas, restava-lhe um sonho que paulatinamente foi sendo implodindo. No rádio de pilha antigo, em meio a poeira, ouvia se "O Mundo é Um Moinho" de Cartola, mas na voz de Cazuza.
**Pés descalços, jeans rasgados, olhos e cabeça baixa, atenta ao som da música que naquele instante lhe soava como salvação, somente a voz e o violão, fazia naquele momento algo tocar fundo seu coração.**
Com o tempo pode calçar seus pés, embora olhasse para cima em busca do Cristo, distraia-se até hoje com o Pão de Açúcar, na Urca. Ali seu sonho era mais palpável.