sábado, 19 de outubro de 2013

Coisas de Igarapava

O sol ainda não aparecera, mas o rosto dela suava iluminado ao fogão de lenha. Flores verdes apareciam na mesa, vinham da horta, que as mãos envelhecidas de seu amado pontualmente traziam. O cheiro de café misturava com o de feijão cozinhando, eles disputavam o espaço entre si. Ao desjejum, dezoito pessoas esperando o momento certo de entrar em cena, como o sol, eles apareceriam.
Bule e copos, pães e bolos descansam prontos para saírem de cena. Beijos, muitos, no rosto e na testa, a anciã parece indiferente, coisas da idade. Olhos alegram-se de ver a prole comer; suas mãos unhas bem feitas e pintadas de vermelho, repartem o pão que amiúde vai à boca. Nada fala não lhe sai som, mas observa o cenário barulhento dos famintos de pães, de palavras e saciados de brincadeiras.
A velha enrubesce com as quentes mãos de seu amado em cima das suas; diz-se baixinho ao pé do ouvido um obrigado inteligível, que a senhora ri-se no íntimo, sabia que o agradecimento era pelo conjunto da obra. Levanta, incentiva a turma a enfrentar o dia; vai pouco a pouco ficando só, ela e as panelas, cozinha cantarolando uma canção antiga, raiz; grita para o Duque, o cachorro de estimação, continua cantarolando afinadamente e a sinfonia das panelas a acompanha junto com seus pensamentos.

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"ESPERAREI"

Esperarei domingo; Esperarei sorrindo; Esperarei sonhando; Esperarei dormindo; Esperarei um amigo, Um abrigo, um lindo dia de sol.