Na porta daquele comércio
Dormia ele a mendigar
Quem deixasse das sobras
Migalhas ao ar.
O que lhe era valioso, o maior
Emprestou para aquele lugar
Até as escadarias lavastes
Com suas lágrimas a derramar.
Deu ao tom cinzento, sisudo
Um quê contemporâneo
De pobreza e calor, enfeitou
O que seria seu provável túmulo.
Frio cortante, sol abrasador
A noite tudo vazio, Ele ocupa o cenário
Quando o sol se a vista
Recolhe-se em si escondido.
Sua essência assim o deixou
O sol o anunciou com o dia
Num dia qualquer, de um ano qualquer
Na calçada ali fixou.