domingo, 23 de dezembro de 2012

Então, é Natal!

Diógenes acorda com o som alto do rádio, é natal e sua mãe está feliz, preparando os assados, os comes e bebes; ela canta acompanhando as canções de coração. Sonolento, o menino vai ao banheiro, toma banho, escova os dentes; sai renovado. Num cantinho da mesa, está um pano de prato reservando o seu lugar; toma seu belo café da manhã; meio a contragosto, parte passando pano em toda casa. O dia toma forma, fica feliz de ver o grande desfile de familiares que entram e saem; repara que uma vez no ano os vê, fica na vontade da assiduidade.
Cansado, pois aos sete anos um pano e um rodo são deveras pesados; liga o aparelho de televisão, olha atentamente os desenhos temáticos do dia. Na hora de almoçar, deixa o aparato ligado, uma notícia o arrepia, a jornalista enfatiza que aproximadamente 40 mil crianças dormiriam com fome naquele dia, como diariamente. Pensa: É Natal! Onde está o espírito natalino? Aborrecido, come um pouquinho; pergunta pra sua mãe o porquê daquilo. Sua mãe lhe responde com uma palavra: "hipocrisia".
A noite, na comemoração natalina, ele olha para os familiares, percebe que não são verdadeiros, recolhe-se ao seu quarto. Taciturno, a palavra hipocrisia faz sentido real, vivo, em seus familiares. Na internet, pesquisa e descobre que não é a data do nascimento de Jesus; vai até a janela, olha para o céu estrelado e fala com Deus:
- Bom Deus, ajuda-me a não ser hipócrita.
A lua, as estrelas, mudaram de lugar; o menino não, não dormiu, algo dentro dele havia mudado, era sua determinação de não ser ou praticar a hipocrisia nos 365 dias dos anos, incluindo os bissextos.

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"ESPERAREI"

Esperarei domingo; Esperarei sorrindo; Esperarei sonhando; Esperarei dormindo; Esperarei um amigo, Um abrigo, um lindo dia de sol.