sábado, 1 de dezembro de 2012

O Refrigério

Num barzinho do bairro de Sumaré, Sampa, lá estava Cleber, adolescente, quatorze anos e office-boy. Havia entregue ao cliente uma correspondência da empresa; era um dia de sol escaldante e, em seu retorno ao ponto de ônibus, nota o barzinho. Seus olhos brilham, como encontrasse um oásis no deserto; atravessa a rua e pede um refrigerante gelado. Os informantes passam rapidamente verificando o preço na tabela, vem uma sensação de calma e tranquilidade. Pensa que é merecedor deste agrado, o sol lá fora estava insuportável; sendo extravagância ou não, era primeira vez que ele agia em benefício próprio, de forma recompensadora com sua alma.
Naquele balcão laqueado, antigo, branco em detalhes azuis; o jovem começa a chorar, quanto mais passava as mãos pelos bolsos, mais se certificava de sua dureza. Encabulado, as lágrimas desciam; o dono do bar, um quarentão obeso, percebe que ele não tem dinheiro e fuzila-o com seu olhar. Um dos funcionários, um senhor, que atendia o balcão perguntou se passava bem. O garoto chorava e explicava em sua certeza de possuir uma moeda para a conta; detalha que é office-boy, que fizera uma entrega, e por causa do calor, desejou tomar o refrigerante, mas agora sem a moeda, com um único passe CMTC de papel para retornar a empresa. O funcionário tranquiliza-o e diz que vai pagar o refrigerante; o menino promete voltar para quitar a dívida na hora do almoço, o funcionário mostrou que não precisava. Cleber agradeceu muito o bondoso homem que acreditou em sua história; entrou no ônibus, o calor continuava, mas não o incomodava, pois física e moralmente havia sido refrigerado.

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"ESPERAREI"

Esperarei domingo; Esperarei sorrindo; Esperarei sonhando; Esperarei dormindo; Esperarei um amigo, Um abrigo, um lindo dia de sol.