terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Saudosa Teimosia

As margens do rio que separa São Paulo de Minas Gerais, há uma grande população ribeirinha. Vó Delminda cuidava de seu sítio; a veterana reclamava de tudo e, em suas veias junto com o sangue, tinha a substância da teimosia derramada generosamente. Na chácara, havia muitos patos, galinhas, coelhos e várias plantações.
Uma barragem acima cedeu, a rádio local deu o alerta para todos deixarem suas casas; mas vó Delminda queixava-se. Em toda sua vida nunca havia ocorrido, e não seria agora que as águas entrariam. Seu primogênito filho, José Augusto, tenta convencê-la; a anciã repete o discurso de quantas e tantas acontecera e nunca entrara um pingo dágua. Sentaram nos degraus que dá de frente ao rio; a matriarca finca um bambu no leito pra medição, pelo sim, pelo não. O rio sobe vagarosamente, de repente, uma vaca passa num pedaço de barranco rio abaixo. A correria se faz necessária, vó Delminda coloca os poucos bens pra cima; seu filho corre até a cidade em busca de um caminhão pra retirar o que a vó gosta.
Em seu regresso, tudo era rio, entrou com dificuldade na cozinha, e eis, vó Delminda em cima do fogão dizendo: Não! Logo, logo abaixa; no passado não demorava nada...

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"ESPERAREI"

Esperarei domingo; Esperarei sorrindo; Esperarei sonhando; Esperarei dormindo; Esperarei um amigo, Um abrigo, um lindo dia de sol.