sábado, 2 de novembro de 2013

A VONTADE DE JOÃOZINHO

Queria Joãozinho por todo custo ir logo à escola; sua curiosidade aos cinco anos e propaganda de seus irmãos tirava-lhe o sono. Quatro beliches, espaço apertado, Joãozinho dormia embaixo, ali era seu mundo encantado. Ele sabia falar seu nome, contar de um a dez, falava de cor o nome de seus pais; não via a hora de poder conhecer o desconhecido, ampliar o seu mundo.
A casa em que Joãozinho morava era a única de uma escadaria que embaixo ao pé da escada, dava acesso à avenida e, lá no alto a rua de terra. O quintal rodeado por uma cerca de troncos de árvores, apoiando os arames farpados; na entrada pela escadaria, havia um poço artesiano, ao seu lado, um tanque de lavar roupas, um pouco a esquerda, uns degraus feitos na terra acessando a parte de cima do quintal.
Era como o quintal da vovó com aquela goiabeira, um pé de lima, a plantação rasteira de morangos, um pouco mais adiante a horta com couves, almeirões, alfaces e tomates; tanto ao lado esquerdo como do direito ao fim do quintal, bananeiras ornavam-no, e um pé de jaca se destacava. O terreno do vizinho era repleto de plantação de milho, onde Sr. Carlos, pai de Joãozinho zelava para cultivo. A casa antiga possuía laje no cômodo mais novo, a cozinha, as demais partes eram simples, o quarto dos genitores com guarda-roupa, cama de casal com, criados mudos, chamavam atenção do menino. O quarto das crianças com suas duas beliches, a sala com os jogos de sofás, uma estante e televisão. A cozinha era azul, azul bebê, Ninica a mãe deixou de seu jeitinho com um toque feminino.
Todos os dias, inclusive feriados, Joãozinho acordava às cinco e meia, corria para o quintal, puxava a mangueira e começava a regar a horta, as plantas e tudo em volta; gostava de demorar pra ver o sol surgir, aproveitava seus raios que o aqueciam e arrepiavam-no, um arrepio com sensação de alívio, pois parecia que tudo de ruim havia saído com a luminosidade.

Conversava com as plantas e com os matos arrancava-os, reunia como brinquedos e sua imaginação se soltava, longe muito longe. Corria para tomar seu café da manhã afobado, precisava ver se já tinha moranguinhos, quantos? Ninica balançava a cabeça achando graça de suas preocupações. Seus três irmãos acordavam às seis e meia inconformados com o horário, corriam e engoliam o pão com café; lá iam eles cutucando um ao outro, um zombando do outro. Joãozinho com seus olhos os seguiam até sumirem de vista. Imaginava ao lado de seus irmãos cutucando, brincando e correndo até chegar à escola. Voltava ele a brincar com os matos e o ajuntar de pedrinhas.

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"ESPERAREI"

Esperarei domingo; Esperarei sorrindo; Esperarei sonhando; Esperarei dormindo; Esperarei um amigo, Um abrigo, um lindo dia de sol.