segunda-feira, 23 de maio de 2016

"A CASSAÇÃO DA CAÇA"

A caça na mão,  os olhares de satisfação,  mais um empenho do ego, por necessidade, não.  Às sextas-feiras,  dias combinados, espingardas aos ombros, lanternas, redes e afins, garantiam o êxito daquele hobby compartilhado e multiplicado aos seis.
Naquela noite às horas passaram e às 03:00 horas da madrugada, resolveram ir embora, pois até tal momento nada avistaram.  Com orgulhos feridos, mas os corpos já vencidos,  soltavam seus gemidos que acompanhavam o barulho da mata.
O "Bigode" solta o som de sua voz: - Vamos embora, não aguento mais.
Deram por si, que o medo e o desejo de regresso era verso comum dos seis.
Ligeiramente, apanharam suas tralhas,  as espingardas que não falham, sequer foram usadas uma só vez.
Cessaram novamente os sons e eis que um cervo,  a um tiro dali,  parado, tranquilo, se tornara o escopo da vez. Trocaram - se olhares, o "Baixinho", o menor da turma,  atirador por excelência,  enviou-lhe um tiro certeiro. Incrível,  a caça continuava em pé,  ilesa e integra. Assustados, num só ato, todos descarregaram suas munições.
- Meu Deus! Robertinho embasbacado com a cena, exclamou.
O animal olhou profundamente para o sexteto,  que se desmanchava numa espécie de suor com calafrios.  Lentamente caminhou rumo a eles, sem nenhum vestígios de balas, passou bem pertinho dos predadores,  pulou a cerca de arame farpado e foi embora.
Atônitos,  não conseguiam falar ou fizeram um auto pacto de sigilo.
Os muitos projéteis das armas, não atingiram o alvo, mas alcançaram as seis almas, que retornaram para casa em silêncio,  com a plena sensação da cassação desse desejo.
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Esperarei domingo; Esperarei sorrindo; Esperarei sonhando; Esperarei dormindo; Esperarei um amigo, Um abrigo, um lindo dia de sol.