sexta-feira, 24 de junho de 2016

"HOJE EU SOU DOR E DELÍCIA"

Estava eu na sala da casa do escadão (escadaria enorme que ligava a avenida Intercontinental com a rua Geraldo José de Almeida,  Taboão da Serra, SP. A casa era simples, nós ao todo éramos 12 pessoas, 9 irmãos e pai e mãe.  Gostava de limpar a casa,  a sala de cor verde desbotada, com um quadro de uma casa no interior do país.  Os dois sofás rasgados, logo cobria os para maquiar as imperfeições.  Das poucas coisas que meu pai acertou na vida, o som estéreo estava na lista, que numa promoção recebeu discos de vinis (LP), tanto de Bezerra da Silva e Zé Piatá,  acordeonista.
Envolvido com a limpeza, sentia-me inspirado quando na rádio,  tocou pela primeira vez a música "DOM de ILUDIR", de Caetano Veloso,  na voz aveludada de Gal Costa,  era 1986.  Parte da canção diz assim: ... cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é...
Embora já com trejeitos, afeminado,  aos 13 anos achei a música linda. Com o passar dos anos, essa verdade não envelheceu,  continua atual, como a voz de Gal, a frase delicia aos ouvidos, som gostoso, só podia ser de Caetano Veloso. Vinte Nove anos depois,  me assumi como homossexual, e essas palavras que não são sugestivas,  mostram um fundamento, cada um (homem, mulher e homossexual), sabe a dor (problemas e sofrimentos) e a delícia (soluções e alegrias) de ser o que é.
Hoje eu sou, Dor e Delicia. 
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"ESPERAREI"

Esperarei domingo; Esperarei sorrindo; Esperarei sonhando; Esperarei dormindo; Esperarei um amigo, Um abrigo, um lindo dia de sol.