domingo, 22 de abril de 2012

BATE-PAPO

Francis era um jovem muito comunicativo, não conseguia parar de falar alguns segundo e escutar, gostava  de dominar as conversas, era só ter um ouvido atento e o jovem falava sobre suas consecuções mirabolantes.

Claro que seus ouvintes não depositavam fé em seus feitos. Mas Francis não se importava, achava que havia vivido realmente sua imaginação. Exageradamente contava situações simples, muitas vezes com efeitos especiais.

Alguns riam de suas conversas, os mais diretos rotulavam de mentiras e os educados sugeriam um bom livro, ou um curso do que mais gostava para poder gastar sua criatividade ilimitada.

Com o passar do tempo, os colegas e amigos o rotulavam de mentiroso, e tudo o que Francis queria era só bater um papo, um dedinho de prosa. E cada vez que se confrontava com as críticas continuava se resguardando, até um dia que se limitou a só cumprimentar seus convivas.

Dali por diante, ele vivia numa lan-house, e seu bate-papo por trás dos teclados tomava força e fôlego, suas histórias eram mais aceitas, e com tanta aceitação, a mente se libertava para coisas não vividas, personagens irreais, lugares nunca antes visitado, ele com seus dedos fazia a pessoa do outro lado do computador viajar e sonhar com o homem de seus sonhos.

Já tornara vício seu hábito de bate-papo pela internet, até que encontros marcados, claro que nunca aparecia, veio um dia que tomou coragem e foi conhecer quem o havia tocado.
Em sua mente, segundo as informações da pessoa com quem conversava, era mulher, rica, solitária, jovem e bonita.

Lá pelas tantas se aprontou com veste de fino trato, um perfume para ocasiões especiais e, descendo a rua da ladeira foi esperar no cybercafé.

Entra uma senhora, um tanto mal arrumada, como a beleza está nos olhos de quem a vê, Francis não se importou com tal figura. A mulher se dirigiu a ele, e com sorriso perguntou se conhecia um homem de meia idade, empresário, de nome Roberto Boaz.

Francis em sua mente rápida não acreditou que marcara encontro com tal pessoa, e sua resposta seguindo sua linha de raciocínio foi um não.

A mulher vivida, com um pouco de dificuldade sentou, pediu um café com creme e esperou, seus dedos batiam na  mesa, seus pés mostravam ligeira impaciência.

Francis continuou observar a cena, e revoltado consigo mesmo, não conseguiu acreditar que caira naquele engodo, logo ele tão esperto. Pensou que internet é perigosa mesmo, com o semblante bem sisudo saiu com passos fortes e foi embora, a senhora olhou e ele já havia sumido.

Uma hora depois, a senhora com aparência de pobre, paga o café e sai da loja, continua nos seus passos lentos se dirigindo a um carro luxuoso destes que os artistas na entrega do Oscar usam, sai o motorista abre a porta e a mulher senta confortavelmente, de frente a ela está uma linda jovem, rica, bonita e solitária.

A senhora que é avó dela diz: Não falei querida, não confie em bate-papo, principalmente de quem você não conhece. A  Mercedes segue seu caminho com uma certeza, foi melhor assim.

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"ESPERAREI"

Esperarei domingo; Esperarei sorrindo; Esperarei sonhando; Esperarei dormindo; Esperarei um amigo, Um abrigo, um lindo dia de sol.