domingo, 22 de abril de 2012

SOLO FÉRTIL

Solo descuidado em razão do clima, região pobre em virtude  da economia, barriga que ronca por causa de comida, panela vazia em cima da pia.
Crianças peladas brincam com a terra, talvez um ato indelével da sobrevivência que ativa o núcleo lúdico e criativo do cérebro. Claro que algumas choram, filhos e mães, pais desconsolados com a dura realidade duros solos e dura vida.
Ao anoitecer do dia, taxado de especial por causa das mandiocas arrancadas de algum quintal, sítio ou fazenda, não importa, chega à cozinha e o cheiro estonteante reacende uma vontade suprida por razoes maiores.
Em vista da quase infertilidade da terra, no terraço de Nho Cibides, o vilarejo come, mas não se farta, e o primogênito de Nho pega a viola, canta músicas raízes e se torna o centro das atenções, mais do que barriga, no dedilhar sai uma música nova com refrão que a populaça repete de primeira.
A lua de fundo, o menino a cantar, palmas a soar e o solo fértil da imaginação a colher os louros em anos de carência.


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"ESPERAREI"

Esperarei domingo; Esperarei sorrindo; Esperarei sonhando; Esperarei dormindo; Esperarei um amigo, Um abrigo, um lindo dia de sol.